Que mãe nunca precisou correr com o filho para um pronto socorro em decorrência de um episódio de diarréia?
Apesar de corriqueira, a diarréia pode evoluir para desidratação grave e desnutrição. A doença é responsável pelos principais motivos de internação hospitalar e pelos elevados índices de mortalidade infantil em todo mundo. “Por muitos anos, em nosso País, a infecção bacteriana ocupou o topo da lista do fator causal da diarréia aguda, principalmente em decorrência da falta de higiene básica, da manipulação inadequada de alimentos e da má nutrição. Nos dias atuais, temos as infecções por rotavírus como a causa mais freqüente de diarréia infantil. Infecções parasitárias, intolerâncias e intoxicações alimentares também figuram entre as causas mais comuns da doença diarréica”, explica a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.
A síndrome diarréica, além da desidratação, causa perda importante de apetite e má absorção de nutrientes, comprometendo o estado nutricional da criança e sustentando a gravidade da doença. “Práticas inadequadas na condução do tratamento, como a suspensão da alimentação ou a manutenção de dietas com baixa oferta calórica podem causar prejuízos ao desenvolvimento e ao crescimento infantil, agravando a desnutrição e condunzindo a um desfecho negativo, em alguns casos”, alerta a nutricionista do Citen, Amanda Epifanio.
“O ponto mais importante no tratamento da diarréia infantil é a hidratação adequada. O soro caseiro deve ser oferecido assim que os primeiros sintomas aparecerem, podendo ser oferecido aos poucos, após cada episódio diarréico”, destaca a nutricionista.
A formulação do soro caseiro deve ser cuidadosamente preparada para não causar efeitos adversos. Assim, a recomendação é que se utilize uma medida padrão, distribuída nos postos de saúde, gratuitamente, para o preparo adequado. A receita? Uma medida pequena de sal, duas medidas grandes de açúcar dissolvidas em um copo de 200 ml de água filtrada ou 1 litro de água, 1 colher rasa de sal de cozinha (3,5g) e 2 colheres de sopa cheias de açúcar (40g)). O soro pode ser utilizado por até 24 horas após seu preparo.
“Refrigerantes e bebidas isotônicas não devem ser oferecidos às crianças menores de 5 anos na tentativa de evitar ou tratar a desidratação. Em situações de desidratação mais grave, a terapia de reposição oral deve ser realizada em ambiente hospitalar”, adverte a nutricionista Amanda Epifanio.
Orientações nutricionais da equipe do Citen:
1) O princípio fundamental da orientação nutricional durante episódios de diarréia é tentar manter a alimentação da criança o mais próximo do normal para garantir a manutenção do peso e evitar o agravamento da doença;
2) Crianças que ainda estão se alimentando de leite materno devem continuar mamando, mesmo na fase de hidratação oral. “O leite materno apresenta baixa carga de solutos e excelente digestibilidade, o que o torna bem tolerado pelo organismo infantil, mesmo durante o episódio de diarréia. Além disso, o leite materno também pode acelerar a recuperação dos danos causados à mucosa intestinal e prevenir o processo de desnutrição”, defende a nutricionista;
3) Os cuidados nutricionais com crianças que recebem aleitamento artificial dizem respeito à manutenção da diluição adequada por idade. “Não é recomendado oferecer às crianças soluções mais diluídas, pois essa prática não reduz o tempo de duração da diarréia e pode contribuir para o agravamento do estado nutricional. A fórmula infantil deve ser oferecida cinco vezes ao dia ou mais, de acordo com a aceitação de cada criança”, explica Amanda;
4) Quando as crianças já recebem alimentos sólidos, os cuidados nutricionais dizem respeito apenas à oferta de alimentos em pequenas quantidades e, em intervalos mais curtos, para combater a perda de apetite. “As refeições devem conter todos os alimentos que fazem parte da refeição cotidiana”, destaca a nutricionista do Citen;
5) O leite representa uma excelente fonte de proteína e cálcio e é fundamental na prevenção e no tratamento da desnutrição. Em casos de intolerância, o leite deverá ser substituído por equivalentes isentos de lactose, mas com fontes adequadas de cálcio. “É muito comum a introdução de bebidas à base de soja em crianças com diarréia, entretanto essas bebidas, em geral, não apresentam cálcio e vitamina D, em quantidades apropriadas, portanto, não devem ser consumidas como substitutos do leite”, alerta Amanda;
6) As carnes, além de fontes protéicas, representam as principais fontes alimentares de ferro e vitaminas do complexo B. Elas podem ser oferecidas moídas, cozidas e cortadas em pedaços pequenos ou mesmo desfiadas. “A variedade na forma de preparo poderá contribuir para melhor aceitação das crianças, já que em geral, elas costumam rejeitar esse grupo de alimento por dificuldades na mastigação e intolerâncias digestivas. O ovo, apesar de apresentar elevado valor nutritivo, deve ser evitado durante os episódios diarréicos, pois podem causar maior fermentação intestinal e desconforto gástrico”, informa a nutricionista;
7) Os carboidratos são fontes energéticas importantes e devem fazer parte de todas as refeições diárias. No desjejum, esse grupo de alimentos pode ser oferecido na forma de pão ou cereais. Pães torrados costumam ter melhor aceitação por crianças que apresentam enjôo matinal. “Um mingau preparado com aveia ou farinha de arroz ou milho pode ser uma excelente opção para crianças inapetentes. Essa preparação pode ser incrementada com adição de azeite de oliva no momento do preparo, com a finalidade de aumentar o valor calórico da refeição e impedir a perda de peso”, ensina Amanda;
8) Arroz, batatas e outros tubérculos representam as fontes energéticas das refeições do almoço e jantar. Esses alimentos podem fazer parte de preparações como purê e sopa, que também podem ter seu aporte calórico aumentado com o incremento de azeite de oliva. “Massas como macarrão são digeridas muito rapidamente e podem causar desconforto gástrico, assim, durante o episódio de diarréia, a recomendação é evitá-las. Entretanto, se as massas fizerem parte da alimentação cotidiana da criança ou se ela tolerar melhor esse grupo de alimento, elas deverão fazer parte da alimentação sem restrição, preferencialmente preparadas ao alho e óleo ou com molhos de tomate fresco”, diz a nutricionista do Citen;
9) “É muito comum encontrar orientações que proíbem o consumo do feijão durante a doença diarréica. Essa recomendação não é fundamentada, exceto, em situações de intolerância digestiva causada pela fermentação natural dos grãos”, conta Amanda. Esse efeito pode ser amenizado com o procedimento adequando antes do cozimento, o que significa deixar os grãos de molho, em água abundante, por até seis horas. A água do molho deverá ser descartada antes de iniciar o cozimento, assim as substâncias fermentativas dos grãos são eliminadas e a tolerância digestiva melhora;
10) As frutas, além da energia proveniente dos carboidratos são as principais fontes alimentares de vitaminas e minerais e devem estar presentes em todas as refeições diárias. “Algumas frutas podem agravar a diarréia como o mamão e a ameixa devido ao seu efeito laxativo. O abacate deve ser evitado pelo elevado teor de gordura. Após a melhora do quadro, todas estas frutas poderão fazer parte da dieta infantil diária”, diz Amanda Epifanio;
11) Todos os legumes podem fazer parte da alimentação infantil, preparados preferencialmente cozidos. “É muito difundido o uso de alimentos fibrosos no tratamento da prisão de ventre, mas essas substâncias também podem ser utilizadas no tratamento da diarréia, principalmente as fibras dos legumes. Os vegetais folhosos devem ser evitados até que os episódios de diarréia cessem”, ensina a nutricionista do Citen.
Intolerância alimentar
Em algumas situações é possível observar intolerância à lactose e agravamento dos episódios de diarréia com a adição de açúcar à dieta ou mesmo com o consumo de alimentos ricos em açúcar. “Nesses casos, a substituição do leite por fórmulas infantis sem lactose é fundamental, assim como a suspensão do açúcar da dieta. Após a melhora dos episódios diarréicos, a alimentação poderá voltar ao normal”, recomenda a endocrinologista Ellen Paiva.
CONTATO:
www.citen.com.br
faleconosco@citen.com.br
http://twitter.com/Citensp
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe a sua opinião!