A mudança de status das antigas ocupações irregulares em bairros dotados de infra-estrutura e serviços é um processo em curso nos quatro cantos da Capital. No período de 2005 a 2008, a Sehab transformou em bairros as antigas favelas Haia do Carrão (sudeste), Jardim Senice (leste), Jardim Tietê/Vitotoma Mastroroza (leste), Nova Tereza (leste), Vila Nilo (sudeste), Recanto dos Humildes (norte), Vila União (leste), Vergueirinho (leste), Monte Taó (leste), Santo Eduardo (sudeste), Nossa Senhora Aparecida (leste) e São Francisco A (leste). As urbanizações dos 12 novos bairros beneficiaram 13.660 famílias e levaram à construção de 1.182 novas moradias. Isso é inclusão social.
A expressão "inclusão social" pode não ser comum na linguagem dos moradores, mas se manifesta de forma singular: "Hoje, eu tenho um endereço. Eu não podia fazer um crediário porque não tinha endereço. Agora, eu e meus filhos temos uma vida boa. Eu me sinto uma pessoa normal". O desabafo, desta vez, é de Renata Nonato Sales, 38, ajudante-geral, que mudou do Serviluz, uma área de aterro sanitário, com seus dois filhos, para o novo apartamento, de um dormitório, do empreendimento São Francisco Global, em São Mateus (Zona Leste). Para o financiamento, Renata paga hoje R$ 79,08; para o antigo barraco, pagava R$ 250. O São Francisco A já está concluído, com 88 apartamentos.
Gleba com 1.780.000m², São Francisco Global tem hoje 1.040.000m², divididos em 11 núcleos, todos comprometidos por habitação de interesse social. É o terceiro maior assentamento em condições precárias do município, com cerca de 15 mil famílias. Na primeira etapa da urbanização, a Sehab fez obras de saneamento e infra-estrutura. Na segunda, dos 1.296 imóveis previstos, já entregou 316 apartamentos. Até julho, entregará novos 168 imóveis, e outros 812 aguardam a licitação para serem construídos. Aline Almeida, 27, cobradora, casada com Samuel, 29, funileiro, resume a mudança: "Aqui nossos filhos ganharam vida. Agora a gente vai trabalhar sabendo que eles ficam seguros. Existe uma vizinhança que se ajuda. É outra vida".
Atualmente, a Sehab trabalha em 21 urbanizações, incluindo grandes obras, como a de Heliópolis (Zona Sul), glebas A, N, K, G e H, Paraisópolis e de Nova Jaguaré (Zona Oeste). Em Heliópolis, já foram entregues 827 moradias e 23 comércios; na gleba K, 1.843 imóveis estão em construção. Hoje, a população já incorporou ao seu cotidiano as instituições culturais e educativas Bairro Educador, Centro Paula Souza, Instituto Bacarelli, o CEU, escolas e creches.
Mas o cenário não se esgota com o Programa de Urbanização de Favelas. Para levar saneamento, infra-estrutura e regularização fundiária ao extremo da Zona Sul, nas bacias Billings e Guarapiranga, onde vivem mais de dois milhões de pessoas em loteamentos irregulares, a Sehab atua por meio do Programa Mananciais.
Visitar o Jardim Iporanga, por exemplo, é uma experiência marcante. Sandra Pereira, 43, da Associação dos Moradores Alexandre Ossani, conta: "Aqui era esgoto a céu aberto, o cheiro era insuportável. As ruas eram estreitas. A gente comprava um eletrodoméstico e o caminhão não conseguia entrar para a entrega. Agora, a situação é completamente diferente. O córrego foi canalizado, recuperamos nossa dignidade".
Além da urbanização e produção habitacional, as obras de saneamento do Programa Mananciais preservam o meio ambiente e a qualidade da água das represas que abastecem 3,5 milhões da região metropolitana. Na Guarapiranga, parte do programa já foi concluída, com a entrega de 20 obras para 10 mil famílias. Atualmente, o programa opera em 81 assentamentos. Mais de 60 mil famílias receberão os benefícios. Novas 4.700 unidades habitacionais serão construídas na conclusão das obras, com término previsto para 2012.
Além dos programas citados, no mesmo período, a Companhia Metropolitana de Habitação (Cohab) construiu 6.017 unidades habitacionais. Ao aderir ao Programa Minha Casa, Minha Vida, a Cohab já tem destinado recursos expressivos para a aquisição de terrenos onde serão construídas as moradias em parceria com o Governo Federal. E há ainda o Programa de Regularização Urbanística e Fundiária, que até abril de 2010 entregou 15.737 títulos de registro de imóveis nas áreas regularizadas.
Somando-se os números de cada programa, desde 2005 até agora a Secretaria de Habitação já construiu 10.017 habitações de interesse social.
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