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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ministério da Saúde apoia humanização do parto‏

Profissionais do SUS recebem capacitação para realizar nascimento humanizado. Pesquisas e experiências inovadoras serão divulgadas em encontro que contará com presença do ministro Temporão
Dar à luz de cócoras ou na banheira e, ainda, usando uma escada ou uma bola como apoio. Um parto normal com essas opções – ou seja, humanizado – já é possível para grávidas atendidas em maternidades-modelo do Sistema Único de Saúde (SUS). Experiências como essas, desenvolvidas dentro e fora do país, serão apresentadas durante a abertura oficial da III Conferência Nacional de Humanização do Parto e Nascimento, que contará com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O encontro – que vai até a próxima terça-feira (30), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília – é promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com a Rede pela Humanização do Parto e do Nascimento (Rehuna).

“Essa concepção de parto, incentivada pelo governo federal, considera o parto um processo fisiológico da mulher em que ela é sujeito da ação de parir e o médico deve ser um facilitador desse processo. Ou seja, a gestante é protagonista do parto”, explica o diretor de Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, Antônio Luiz Telles. “A ideia de humanizar o parto é dar o máximo de conforto à mulher, criando o melhor e mais adaptado ambiente a ela”, completa.

A partir de 2004 – quando o Ministério da Saúde coordenou o estabelecimento do Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal (até 2015) – o SUS decidiu colocar a humanização do parto como uma das prioridades na área de Saúde da Mulher. Em 2005, o ministério promoveu seminários e oficinas com a participação de mais de 400 maternidades que atualmente são consideradas referência na realização de partos no SUS. Desde então, mais de sete mil profissionais da rede pública de saúde foram capacitados para atuarem nessa concepção de parto.

Os profissionais qualificados tornam-se multiplicadores das práticas inovadoras para o parto normal. As capacitações estão previstas no Programa Nacional de Humanização do Parto, coordenado pelo Ministério da Saúde. Desde 2009, o governo federal já investiu cerca de R$ 1,2 milhão nas ações do Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil em maternidades do Nordeste e da Amazônia Legal (regiões abrangidas pelo Pacto).

MITOS – Durante a III Conferência Nacional de Humanização do Parto e Nascimento, especialistas em saúde também vão discutir a desmistificação de questões relacionadas ao parto normal. Eles apresentarão métodos inovadores no acompanhamento do pré-natal e mostrarão os efeitos da cesárea na saúde da mulher e de recém-nascido, segundo pesquisas mais recentes.

“Mesmo com ações como essa, de incentivo ao parto normal e humanizado, o número de cesáreas feitas no país, na rede privada de saúde, ainda é considerável”, observa Luiz Telles. No SUS, 70% dos partos realizados são normais. O percentual é praticamente o dobro da quantidade desse tipo de parto realizado na rede privada. Em 2009, foram quase dois milhões de procedimentos feitos nas unidades do SUS. Destes, quase 1,3 milhão foi de partos normais e, 700 mil, cesáreas.

O Ministério da Saúde, por meio da capacitação dos profissionais que atuam no SUS, tem trabalhado para minimizar – na rede pública de saúde – técnicas utilizadas no parto normal já consideradas ultrapassadas pela classe médica, como:

· Parto na horizontal: o parto na horizontal traz mais conforto ao médico; mas, nem sempre à mulher. Além de contrariar a gravidade, a pressão sob os vasos sanguíneos das costas da mulher obstrui o fluxo de sangue que facilita as contrações. É recomendável, portanto, o parto normal deve na vertical.
· Episeotomia (corte no períneo): por muitos anos, costumava-se cortar o períneo da mulher; em princípio, para facilitar a retirada do bebê. A prática, porém, além de desnecessária na maioria dos casos, desabilita para sempre a função do períneo, já que ele é um músculo. A técnica só deve ser realizada quando o bebê é grande demais proporcionalmente ao tamanho da mãe.
· Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos): a prática deixa os poros abertos e, portanto, mais propensos a infecções. O ideal é apenas cortar os pelos.
· Aplicação de Ocitocina (medicamento com hormônio usado para forçar contração): o aceleramento artificial das contrações pode dificultar a dilatação, que acaba não ocorrendo no mesmo ritmo das contrações.
No Brasil, apenas 15% dos partos, em média, apresentam problemas que exigiriam a realização de cesárea. Nos outros 85% dos casos, a recomendação é realizar parto normal e, quando possível, humanizado – feito em um ambiente acolhedor, com profissionais que auxiliem a mulher a lidar, por exemplo, com a dor.

Desde 2006, o Ministério da Saúde promove a Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal e Redução da Cesárea Desnecessária. Em 2008, lançou a Política Nacional pelo Parto Natural e Contra as Cesáreas Desnecessárias, em parceria com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).