Assista nossos Programas

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Salário do professor da rede pública melhora, mas ainda não é atrativo

Pesquisa do Inep revela que salário não tem relação direta com o desempenho do aluno; principal variável para o aprendizado é a qualidade do professor

Os professores das escolas públicas brasileiras obtiveram ganhos salariais significativos nos últimos 10 anos, mas os salários ainda não são atrativos para profissionais com diploma de ensino superior. A constatação é de uma pesquisa publicada no boletim Na Medida, do Instituto Nacional de Pesquisa Educacional (Inep), autarquia do Ministério da Educação, nesta segunda-feira, dia 28 de junho.
De acordo com o estudo, o salário do professor tem pouca ou nenhuma relação direta com o desempenho dos alunos, mas a qualidade do professor é a principal variável para ampliar o aprendizado.
Intitulado "Os salários dos professores da rede pública brasileira são atrativos?", o trabalho revela que quanto "mais atrativa em termos salariais for uma determinada carreira, maior deve ser o número e a qualificação dos profissionais interessados em segui-la".
A pesquisa mostra pouca variação entre os salários dos professores de uma mesma região, indica que o poder público é o principal empregador e constata que o principal responsável pelo crescimento da remuneração é o tempo de experiência. No entanto, diz o Inep, a experiência não necessariamente implica maior qualidade do professor.
Para definir os parâmetros de atratividade da remuneração do magistério, a pesquisa calculou a diferença entre o salário dos professores da rede pública da educação básica e os rendimentos que eles receberiam se estivessem em três grupos de comparação: demais ocupações do setor público, professores do setor privado e demais ocupações do setor privado.
O resultado, revela o trabalho do Inep, demonstra acentuada diferença salarial no que diz respeito aos níveis de escolaridade. "Em média, os professores brasileiros da rede pública com formação de nível superior ganharam menos do que receberiam se tivessem um emprego em qualquer um dos grupos de comparação, enquanto que os professores com formação de nível médio ganharam mais do que se tivessem um emprego em qualquer um dos grupos de comparação", diz a autarquia do MEC. Segundo o Educacenso, em 2007, o Brasil contava com 68,4% dos professores com nível superior e 30,7% com nível médio.
O estudo mostra que um professor da rede pública com nível médio recebia, em 1998, quase 10% menos que o docente da escola particular. Em 2008, o quadro se inverteu e ele ganhava 21% a mais. Já o professor da escola pública com nível superior recebia, em 1998, cerca de 30% a menos que o colega da escola privada. Em 2008, a diferença caiu para apenas 3%, em favor do professor da escola privada.
Para o Inep, o Fundeb melhorou o salário dos professores da rede pública relativamente aos demais grupos, independentemente do nível de formação, mas "ainda não é possível afirmar que os salários dos docentes sejam atrativos para profissionais com diploma de ensino superior". O MEC diz esperar que a "aplicação do piso nacional dos professores da educação básica, agregada às ações de valorização por parte das redes estaduais e municipais, ajude a mudar esse quadro nos próximos anos".
O boletim de estudos educacionais do Inep traz ainda outros três estudos: 1) Infraestrutura escolar e desempenho dos alunos na Prova Brasil; 2) Escolha de diretores, descentralização e gestão democrática: o que nos diz o questionário do diretor do Saeb 2007?; e 3) Uma estimativa do número de pessoas aptas ao ProUni. (Fábio Galvão, da CGC Educação)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe a sua opinião!