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sábado, 3 de julho de 2010

Pessoas hipermóveis têm mais chance de desenvolver a fibromialgia, diz especialista

A hipermobilidade articular é um problema que atinge 30% da população e pode ser uma das causas da fibromialgia, uma síndrome dolorosa não-inflamatória, caracterizada por dores musculares, fadiga, cansaço e dor em pontos dolorosos específicos no corpo. A fisioterapeuta Neuseli Marino Lamari, professora da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp) e autora de artigos sobre a hipermobilidade, explica que a hipermobilidade também pode causar tendinites e bursites, lesões de ligamentos, desvios na coluna vertebral e nos joelhos e até mesmo a incontinência urinária

Muitas pessoas encostam as mãos no chão inclinando apenas o tronco, esticam os joelhos para trás e colocam o polegar no antebraço, tudo isso sem sacrifício. Aí está uma das provas da elasticidade exagerada, fora dos padrões esperados de flexibilidade. Este é um defeito genético dos tecidos moles tais como tendões e ligamentos. Os contorcionistas dos circos são um exemplo clássico dos níveis de flexibilidade articular que um portador do defeito genético pode alcançar. Os movimentos realizados chamam a atenção pela amplitude e pelo fato de serem impossíveis para uma pessoa considerada normal.

Em uma pesquisa sobre o assunto, Neuseli descobriu que grande parte das queixas de dores na coluna, no ombro, no joelho e muitas outras, entre trabalhadores de indústrias, são identificados casos de portadores de hipermobilidade. Somente na industria têxtil, foram encontrados 27,7% dos casos. “Há muitas pessoas que procuram os consultórios reclamando de dores no corpo e o diagnóstico de hipermobilidade nunca foi feito. O ideal seria que em toda rotina de exame físico se incluísse o teste para detectar o portador. Mas este teste ainda é desconhecido pela maioria dos profissionais da saúde”, afirma.

Para o diagnóstico, é realizado um procedimento físico rápido e sem custo. O mais utilizado é o Método de Beighton, um exame simples e sem a necessidade de equipamentos, que vai apontar quais os pontos de elasticidade no corpo do paciente. Caso o exame acuse frouxidão em pelo menos cinco dos nove pontos corporais analisados, o paciente pode ser considerado um portador da hipermobilidade. "A flexibilidade corporal faz com que o paciente perca o eixo do corpo. É como se o paciente perdesse o equilíbrio do corpo, sem perceber que isso acontece", diz.

A flexibilidade varia de acordo com o sexo, idade, raça entre outros e pode estar relacionada à algumas doenças como a Síndrome de Hellers Danlos e à composição corporal (com o predomínio de algumas fibras colágenas). Mas, de acordo com Neuseli, o problema é resultado da seleção natural. Alguns grupos apresentam maior incidência como as mulheres e os negros. As crianças manifestam a hipermobilidade de forma mais acentuada e a amplitude dos movimentos pode ficar menor com o passar do tempo. Entretanto, o paciente carrega o problema por toda a sua vida e a flexibilidade corporal não vai depender de fatores como treinamentos e temperatura do ambiente e do corpo.

A hipermobilidade não tem cura. O paciente, portanto, deve tomar alguns cuidados para evitar complicações como não realizar tarefas com repetitividade, reeducar-se quanto à sua postura, evitar esportes de impacto e realizar exercícios especiais. As mulheres devem realizar, além das atividades tradicionais, exercícios para o fortalecimento da musculatura que sustenta a bexiga e o intestino.

Não há um consenso para quais os níveis ideais de flexibilidade para a saúde de um indivíduo. “O que podemos afirmar é que movimentos como tocar as mãos nos pés ao fletir o corpo para a frente não é uma tarefa considerada normal. O esperado é que não se consiga”, finaliza.

Tratamento

O tratamento para a hipermobilidade corporal é rápido e fácil. Porém, deve ser iniciado na infância, antes do surgimento dos problemas. Neuseli explica que o diagnóstico precoce é uma das chaves para a solução. A fisioterapia auxilia o paciente na reeducação postural. "Nas primeiras sessões o paciente sai da clínica como se estivesse andando de joelhos. Mas, depois, com a continuação do trabalho, ele vai perceber o alinhamento correto", diz.


Neuseli Marino Lamari

Fisioterapeuta, doutora em Ciências da Saúde pela Famerp, fundadora do Serviço de Fisioterapia do Hospital de Base de Rio Preto, coordeandora da pós-graduação Lacto Senso, professora e orientadora da pós-graduação Stricto Senso da Famerp; Possui publicações científicas na área de hipermobilidade, coluna vertebral e membros superiores.

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